sexta-feira, 27 de novembro de 2009

KOLKATA - A CIDADE DA ALEGRIA

Manjuri - O que mais me impressionou na historia de Manjuri nao foi a vida dura que teve, nem os abusos que sofreu, nem a forma heroica como se salvou da morte e como conseguiu recuperar. Impressionou-me a forma como parece nao ter perdido a inocencia dos seus 13 anos e consegue sorrir com o rosto inteiro, com a alma, acreditando na vida. Dou gracas a Deus por ela ter sido encontrada e ter sido trazida para este hospital subsidiado por uma ONG, mas tambem por te-la conhecido.

KOLKATA - A CIDADE DA ALEGRIA
E dificil descrever em poucas linhas o que e ter lido um livro com 15 anos e desde entao ter nascido uma vontade de estar junto dos mais pobres e de um dia, quem sabe, conhecer a India de que o Dominique Lapierre falava na "Cidade da Alegria". Depois de uma semana de ferias no Rajastao (obrigada Tiago, Maria, Mae, claro, por todas as dicas!!), aterramos finalmente em Calcuta (uma vez mais mil obrigadas Mafalda e Pipa pela ajuda a mergulhar neste imenso mundo...).

Aqui ficam as primeiras impressoes dos 3 primeiros dias, rabiscadas num diario de bolso, onde tento escrever tudo, para a semelhanca do Brasil, nao esquecer e ir agradecendo a oportunidade que e aqui estar.
A cidade. Estranhamente, a cidade pareceu-me acolhedora. Digo estranhamente porque tinham sido tantos os avisos da poluicao, dos cheiros nauseabundos, dos buzinares constantes, do caos que, em comparacao com Delhi e com o Jaipur, Calcuta me parece a partida uma cidade normal da India. Claro que tem transito, conseguimos facilmente encontrar uma rotina, por entre as ruas e os trajectos diarios. Como dizia a Zezinha, quero sentir-me em casa e dizer "Ola vizinhos!"
No trajecto diario para a Mother House, passamos no meio de um bairro muculmano com ruas estreitas e pouco transito onde dava para ficarmos horas distraidos a ver o movimento que la se passa. Homens tomam banho semi vestidos nos canos de agua que dao para a rua, mesmos canos onde se abastecem de agua; centenas de pequenos comerciantes abrem as suas portas para a rua e vendem desde tecidos (chega a haver alfaiates), a todo o genero de comida (eu gulosa ja fui proibida de provar o que quer que seja); sementes para o gado; vacas e cabras passeiam-se nas ruas; pela hora do almoco milhares de criancas brincam; bebericam tchai (cha com leite e acucar) em tigelinhas de barro que depois atiram para o chao (acho que e por nao terem sido bem cozidas no forno e por isso nao podem ser lavadas). Enfim, e um movimento incrivel, uma verdadeira distracao visual e olfactiva. E todos os dias diferente...
De resto, pouco vimos da cidade, porque apesar de termos tido um dia de folga fomos com a Joan (grande amiga da Pipa) visitar um hospital e a tarde ela quis-nos mostrar o Centro Comercial que construiram em Calcuta ha um ano. Por uma tarde, sentimo-nos de novo na Europa...
Da para perceber que a cidade e gigantesca, que para qualquer trajecto em transportes demoramos pelo menos 1 hora e que em tempos Calcuta foi capital do Imperio Britanico, pelos seus edificios imponentes, as suas largas avenidas, ladeadas por enormes arvores...
Os trabalhos. A rotina diaria comeca com missa as 6h, onde nos temos de habituar ao barulho da Bose Road (rua de casa das Irmas). As Irmas dum lado, os leigos do outro. Muito comovente, sobretudo por saber que a Madre Teresa viveu ali, teve aquela rotina, esta ali enterrada e que toda esta obra e fruto da sua preserveranca, do seu amor. Assim que acabamos a missa, as Irmas vao lavar a roupa e os voluntarios vao tomar o pequeno almoco. Confesso que estava cheia de vontade comecar os trabalhos e que apesar do dia de inscricoes ser so no dia seguinte, estava em ansias de ser enviada para uma qualquer casa. 1a licao de humildade: a Sister Mercy Maria, responsavel pelos voluntarios pediu-nos para ficarmos na Mother House a ajudarmos a preparar enfeites de Natal.
Os dias em Calcuta sao vividos com uma intensidade inimaginavel. Cada encontro, cada troca de palavras, cada despedida ou cada caminhada nas ruas da para comecar a escrever e nunca mais acabar... Do grupo de estudantes norte-americanos de 18 anos que vieram aqui passar 10 dias e pela primeira vez passam o Thanksgiving fora de casa, a mexicana de 17 que veio para aqui durante um ano, aos milhares de coreanos que estao aqui mal falando ingles, da emocao e comocao enormes que sinto quando vejo os `homens-cavalo` ou a mulher que se queimou com acido (ou tera sido o marido a queima-la a ela) com quem estive numa das casas das Irmas.
Muito para digerir, tudo a volta do mesmo: agradecer a oportunidade de aqui estar.
Zezinha, eu e Tete, que se juntou a nos no 2. dia

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Udaipur - A cidade branca

Boas!

Comeco por pedir desculpas a quem tem tido a paciencia de vir ao blog a espera de ter noticias e nada... Apesar de nao ter pratica na blogosfera, sei que e importante a actualizacao diaria do blog, mas na India, nem sempre e facil...

O Udaipur... De 20 a 22 tivemos o privilegio de sermos tratadas como verdadeiras marahanis. Instaladas num hotel fantastico, com mil cuidados e atencoes, conhecemos a cidade branca e os seus palacios com toda a calma de quem tem tempo para absorver uma cidade. E depois nao foi so isso. Ao chegarmos a Udaipur achamos que estava alguma carta fora do baralho. Parecia que estavamos na India, mas fora da India, mas nao conseguiamos perceber o que e que e que era... Ate que percebemos que a cidade estava demasiado silenciosa para o que estavamos habituadas. Ninguem buzinava, os comerciantes nao nos assediavam a entrar nas lojas, os cerca de (apenas!) 500 mil habitantes vivem tranquilos...

No segundo dia, fiquei bastante doente da barriga (descobri depois que estava com uma infeccao) e estava cansadissima, mesmo assim ainda fomos visitar um templo onde nos sentamos a rezar com os locais (a espiritualidade e brutal), mais tarde visitamos um Haveli, (a casa da mulher de um politico) no centro de Udaipur (vejam so as vistas na foto!)


Acabamos a noite de uma forma pacata, no terraco de um hostel a ver o Octupussy do James Bond (que tem partes filmadas em Udaipur e em Jodhpur)! Vejam que vale imenso a pena! Um James Bond e sempre um classico, e ja agora veem por onde passamos!!

O dia seguinte, decisao unanime de recuperar forcas e passar o dia a descansar... E verdade, talvez o unico dia das nossas ferias em que nos podemos gabar de nao ter feito rigorosamente nada, a nao ser ler, apanhar sol e dormir. Infelizmente, comer nao estava nos nossos planos, e quem me conhece sabe o quanto essa arte e importante para mim e confesso-vos que ja nao podia ver arroz branco e torradas secas a frente.

Agora, as boas noticias:

  1. Ja nao estamos doentes (garanto que esta e uma excelente noticia)
  2. Ja estamos em Calcuta, bem perto da Cidade da Alegria, rejubilantes...
  3. Ja temos uma rotina e estamos instaladas, dai poder tentar cumprir com a promessa da actualizacao diaria do blog, com fotos!!


domingo, 22 de novembro de 2009

O merecido descanso

Dia 19 de Novembro de 2009

Nos bem que tinhamos o plano todo alinhado ao milimetro, mas as nossas fracas barrigas ordenaram-nos a um dia de descanso. Basicamente `torradas e descanso`. Convenhamos que o acordar as 6h da manha durante 4 dias seguidos nao tera ajudado...

Assim, este foi o dia para saborear o que ja tinhamos vivido na India. Tanto a nivel pratico, como lembrar o preco de 1 banana: 3 rupias equivalente a 4 centimos (como e que volto a comprar bananas a 1 euro na mercearia por baixo de minha casa?!?!) ou o facto de termos que negociar tudo, tudo, tudo. As vezes e simplesmente desgastante... Ja sabemos que estamos a ser aldrabadas (mais! que ja fomos aldrabadas 1000 vezes!), mas como diz a minha Mae, quando temos paciencia, la nos sentamos nas lojinhas, a bebericar um tchai (cha acucarado com leite) e negociamos tais feirantes de Ponte de Lima. Nos achamos que fazemos optimos negocios, e eles tambem. Ainda soltamos algumas gargalhadas. Ainda ontem em Udaipur, numa loja, eu dizia umas parvoices, a Zezinha, minha maior fa, ria-se , ria-se, e o dono da loja ria-se as gargalhadas do riso da Zezinha. Enfim, no meio de mil macacadas nossas, acabaram os empregados todos da loja a rir, e o dono com um ar semi comovido `Thank you for making us laugh`. Quem diz que o povo portugues e um povo triste?

Outra coisa que nos apercebemos e da abordagem sempre igual de qualquer indiano: "Which country?". Muito curiosos, querem sempre meter conversa. O que tem graca (ou diria, e no minimo curioso) e que o fazem independentemente de estarmos a conversar, a discutir ou calados. No outro dia, em Jaipur, depois do museu astronomico, estavamos os tres cansados (Zezinha, Daniel e eu) e ficamos sentados em silencio a porta do museu, a descansar. Ao nosso lado, um grupo de 4 espanhois estava a ter uma enorme discussao (gesticulando e gritando como so os espanhois sabem fazer) e eu deixei-me ficar so para ver como e que eles iam `expulsar` os riquexos, vendedores ambulantes e por ai fora que tambem os iriam abordar. Bem, os indianos devem ter-se sentido intimidados por tanta agressividade, eles que sao tao calmos e tolerantes, e nao chegaram perto...

Connosco geralmente temos tido paciencia e gostamos de falar, sobretudo quando da para termos conversas em que conhecemos a outra pessoa, mas como o Daniel explicou (ele que ca esta ha 3 meses), as vezes nao apetece fazer small talk, nao queremos responder de onde somos, nem para onde vamos, nem ha quanto tempo aqui estamos. E se somos mais antipaticas, vao-nos logo perguntar: "But why don't want to talk? Are you OK? Do you need some help?" Agora assim contado tem muita graca, mas as vezes e cansativo. Nos ultimos dias, estive meia doente, de maneira que fazia meios sorrisos, deixando a Zezinha responder...

Ah! Outra coisa gira que se enquadra neste post! Ja so falo ingles com acento indiano! Vejam os Simpsons e o Apu (dono da mercearia) e logo veem como e que estou a falar! Apu Nahasapeemapetilon Quando me respondem num British accent todo correcto, e faco figuras de parva!!

Aparte os fabulosos monumentos, Jaipur, a cidade rosa, revelou-se uma cidade muito cansativa e Jodhpur saltou dos nossos planos devido as maleitas, de maneira que a expectativa para Udaipur era bastante...

Viagem de 9 horas de autocarro pela frente... parece que voltamos ao Brasil!

(hoje nao ha fotografias, este computador nao da...)

Ainda em relacao aos comentarios: Jo, Taty, ja descobri o problema, e agora TODOS podem comentar o blog! :)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

NAHI CHAIYE *



* NAO QUERO
Dia 18 de Novembro

Ponto de encontro com o Daniel: 10h no Hawa Mahal para irmos de autocarro ate Amber Fort. 7 rupias por pessoa! (mais ou menos 8 centimos!) Tudo muito curioso a olhar para nos e comecamos a perceber que o nosso papel face a imensa pobreza e mendicidade e sermos realmente a tal gota de agua no oceano, darmos aquilo que temos, e nao a nivel material. Estarmos alegres, brincarmos com os miudos, com as pessoas, com os intocaveis, com as muculmanas (no autocarro, vinha uma muculmana ao meu lado de 20 anos com 2 filhas, uma de 9 e uma de 2 anos, e viemos os 40 minutos da viagem a comunicar por gestos e senti realmente uma afeicao por aquela mulher).

Ao final da tarde, um condutor de riquexo engracou connosco, mal dizia uma palavra de ingles, so perguntava `where you go next?` (querem sempre varios trajectos) e ria, ria, ria. A cena era hilariante, nos andavamos a pe, ele andava com o riquexo, largava o riquexo, vinha ter connosco, desatava as gargalhadas, andava a pe alguns metros connosco, voltava atras para ir buscar o riquexo e assim por diante... Olhem para ele, o maximo, nao e?
A meio do dia, antes dum museu fechar estavamos em corrida contra o tempo, perdidos no meio dos becos e ruelas de Jaipur, numa zona pouco turistica, cheia de cabras e galinhas (se bem que as zonas turistica tambem tem cabras e galinhas!!) e milhoes de miudos e queriamos encontrar o museu astronomico (que e brutal!), vai dai a Zeza decide puxar pelos miudos e sai-se com `Go, go, go, go!!!` Comecam todos a correr que nem uns doidos por meio de tuneis e ruelas, e claro no final a pedirem 2 rupias, depois uma pastilha (e nos nesse dia nao tinhamos sugus connosco) e ... claro, dificil ficar impassivel a tudo isto!
Amber e extraordinario. Faz-nos duvidar do tamanho dos nossos castelos, claro que tudo aqui e a uma escala gigantesca. Estes marajas nao brincavam em servico, com quartos e alas para as 12 mulheres e centenas de concubinas; e por ai fora. O que nao deixo de recomendar e que estas visitas se facam com guias. Vale mesmo a pena e o preco nao e caro (sendo uma forma de ajuda!).

Aprendemos em Amber a frase que acho que nos vai ser mais util no resto da estadia `NAHI CHAIYE DHANYAWAD` - `NAO QUERO`. A principal graca disto e que quando dizemos a frase eles desatam-se a rir e corrigem-nos o hindi! O importante e que percebem a mensagem e param de nos assediar com mil compras! Passamos agora os dias a repetir a frase.
Ao almoco, o Daniel la nos arrastou para um dos restaurantes dele, a Zezinha so comeu chapatas; eu comi arroz. A ver se contrariavamos a desinteria (tarde demais!!!).
Depois de deambularmos e descansarmos, fomos visitar o Hawa Mahal -Palacio dos Ventos, que e fabuloso, um palacio construido por um maraja para que o seu harem pudesse observar o movimento das ruas, sem ser observado. Lindo, lindo, lindo! Amanha, junto fotografias!
A noite, mudamos de planos! Coisas da vida... Acabamos por ficar mais uma noite em Jaipur...
MUITO IMPORTANTE: o computador que estou a usar esta em arabe, nao consigo por isso publicar os comentarios que me tem feito (estao publicos?!?). Obrigada a todos e a cada um, em especial por terem vencido a vergonha e me motivarem a continuar a escrever!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

NAMASTE


Dia 17 de Novembro - Agra - Jaipur

Hora de acordar: 6h00. Zezinha e eu demos um salto da cama, aliviadas pelo facto da noite ter acabado. Digamos que os jardins do Sheela Hotel tem tanto de encantador quanto os quartos tem de repulsivo. Nao foi uma noite bem passada em suma.

A saida do hotel, os nossos novos amigos do riquexo - Amra (que se le Amar) e nao sei pronunciar o outro la estavam a nossa espera - e impressionante. Tinham-nos deixado em `casa` as 23h, as 7h ja la estavam prontos a quererem mais trabalho. Este e um povo que apesar de pedir muito, nao perde a oportunidade de trabalhar quando pode.

Estavamos com bastante expectactiva em relacao ao Taj Mahal e a uma das historias mais bonitas de todos os tempos (e tambem mais morbidas - para imortalizar o amor pela sua amada, o imperador Shah Jahan mandou construir o Taj Mahal ao melhor arquitecto persa da epoca; mas para conseguir que o arquitecto sentisse a dor da perda da amada, mandou que matassem a sua mulher. So assim, o arquitecto conseguiu conceber a obra. Meio morbido, nao?). E iamos ver o monumento a uma das horas mais bonitas do dia - o amanhecer. Eis que uma vez mais, os nossos planos nem sempre sao aqueles que esperavamos... Estava a chover!! O que e que tou aqui a fazer? Claro que tiramos proveito da situacao, como sempre...


Depois do Taj Mahal, passamos na nossa rua, despedimo-nos de todos os miudos que tinhamos conhecido na vespera (parecia que la estavamos ha semanas) e fomos a correr para a estacao de camionetas onde rumamos para Jaipur.
Nas ruas, ja nos sentimos em casa. As pessoas com quem falavamos, os livros que liamos todos diziam que nos primeiros 3 dias de viagem iriamos estar em choque. Nao sei se estavamos ja preparadas para o tal choque, se o Brasil nos tinha ajudado para esta realidade, mas a verdade, e que apesar dos dias parecerem interminaveis e riquissimos, estamos a adorar, sentimo-nos bem (fora a parte fisica - nao se preocupem, respectivos pais! Sao so as habituais maleitas fisicas! So nao pensavamos que fosse logo no 3o dia de viagem!!) e realizamos o privilegio que e aqui estarmos...

Divagacoes a parte... Viagem de autocarro com graca, muito local. Com mini ventoinhas (?!?) de 4 em 4 lugares, bancos reclinaveis e conducao muito segura (melhor que o nosso motorista!). Chegamos a Jaipur e resolvemos cometer a loucura de pagar mais 4 euros cada para ficarmos num bom hotel Hotel Pearl Palace , com agua quente, cama fantastica, e terraco girissimo. Foi o que nos valeu!...

O Lucky levou-nos no seu Tuc Tuc e entramos num rompante nas ruas movimentadas de Jaipur. No meio do transito ele ia cantando Ricky Martin, Bob Marley enquanto falava connosco em ingles, italiano, espanhol e frances. Queria a viva forca aprender portugues e nos so riamos! Por fim la nos deixou a porta do cinema mais famoso da India, onde perdemos a sessao da tarde por 5 min (em hindi). Reparem bem nas cores do tuc tuc do Lucky!!

Quis o destino que nos cruzassemos com o Daniel, um Israelita que tinha acabado de sair do cinema... Ele em destino, nos tambem. Acabamos por explorar juntos a cidade velha, cidade rosa, juntos.

O Daniel esta ha 3 meses na India e nao tem data de regresso marcada. Tem 27 anos, e musico, veio para a India para fazer uma pausa na sua carreira musical, mas acabou por viver durante um mes em Jaiselmer (no deserto) com os Bhopa (casta mais baixa) a aprender um novo instrumento musical. Por vezes fugimos do obvio e ele apresenta-se-nos sob as formas mais curiosas. Tenho a certeza de que tambem o Daniel se vai perguntado sobre o que ta aqui a fazer... Claro que ja ficou gravemente doente porque nao tem cuidado nenhum e este dia foi o primeiro em que andou a deambular na cidade. Na verdade nao fizemos muito, para alem de fazer o `reconhecimento` da cidade a noite e acabamos a jantar num sitio recomendado pelo nosso anfitriao que nos deu as boas vindas as desinterias indianas. A fotografia nao mostra os ratos (mas isso e normal!!), o pior foi o dia seguinte!

NAMASTE!

No hurry, no chicken curry. Go Vegetarian, is better.


Vou tentar resumir os dois ultimos dias, ja que nao temos tido acesso a internet...


Dia 16 Novembro - Viagem Delhi / Agra
Com o privilegio de viajarmos de carro e motorista, supostamente, English Speaker, depressa percebemos o erro crasso que tinhamos cometido. Mal saimos de Delhi, pelas 8h30 o nosso carro teve um furo. Rita, positiva, pensa que a situacao ate fora bem controlada pois nao batemos em nenhum outro carro nos varios metros que andamos de pneu furado. O sentido positivo de ver o copo meio cheio desapareceu ao fim de hora e meia filofando a beira da estrada sobre o transito indiano e a cultura do Pais, e a procura de respostas para o que e que estou aqui a fazer...
O nosso novo motorista (que by the way nao sabia uma palavra de ingles) nao conseguia nem a lei da bala mudar a roda (estava tudo podre e oxidado, claro!) Juro que tentei ser pacifica, calma e tudo o mais, ate ter dado um prazo de meia hora para a coisa se resolver ou iamos de outra forma. Milagrosamente apareceu um outro carro, e la seguimos para Agra. Mas... nao contente com o atraso de 1h30 (bem sei que nao provocado directamente por ele), o motorista nos pergunta se queriamos tomar o pequeno almoco ao meio dia!!! Parou o carro, e ficou calmamente 40 minutos a comer... Com isto a nossa chegada a Agra foi pelas 17h em vez de ser pelas 12h30, conforme previsto. Nao sei bem se foi nesse momento (em que nos apercebemos que tinhamos perdido o dia em viagem) que decidimos prosseguir viagem pelos nossos proprios meios, sem motorista.











Das interminaveis horas de viagem, vimos das coisas mais insolitas na especie de auto-estrada. De camelos no meio da estrada, a riquexos; varredores de rua com o ar mais tranquilo do mundo a limparem as faixas da estrada; carrinhas de caixa de aberta e ate 4 pessoas de pe a pendura; homens a dormirem por cima de camionetes; carros a virem em sentido contrario; vacas, claro, ha sempre vacas no meio das estradas!


Quatro pormenores giros observados no transito:

  1. a profusao de cor e alegria deste povo tambem se ve nos carros - nao ha um unico carro, camiao, tuc tuc, riquexo e ate mesmo tractor que nao esteja decorado, pintado, enfeitado. E espantoso!

  2. as buzinadelas sao uma loucura, lembram os apitos dos comboios que na altura dos ingleses, ao som dum unico apito, os comboios andavam ou paravam. Aqui, nao se servem dos espelhos nos carros, apenas das buzinas, como que para avisar os carros do lado `estou aqui amigo, deixa-me passar, nao me atropeles`. Claro que ao fim do dia, quando estou a morrer de dores de cabeca, esta explicacao ja nao me convence.

  3. a loucura e desenfrear de barulho e buzinadelas nada tem a ver com o pacifismo desta gente. Sao realmente um povo tolerante. Ate agora nao vimos um unico gesto de agressividade. Ao contrario do nosso povo que quando buzina, e verdadeiramente agressivo, os indianos sao uns verdadeiros pacifistas.

  4. atravessar a estrada e uma autentica loucura! Imaginem uma estrada sem passadeiras, onde os carros vem de todos os sentidos, e pura e simplesmente nao param. A tecnica e simples. Atirarmo-nos la para o meio! E quase que fechar os olhos para nao sermos atropelados. Os carros, motos, riquexos, etc, nao param, mas desviam-se na sua generalidade. Tem graca porque e assim em todo o lado - hoje por exemplo, dia 18, apanhamos um autocarro que nos deixou no centro da cidade no meio de uma rotunda!! Inedito!

A noite, por brincadeira, metemo-nos com um miudo que tinha um riquexo na rua do nosso hotel. Estavamos mesmo em frente ao Taj Mahaj (Sheela Hotel - optimo restaurante, jardim muito simpatico, banho de agua quente com balde, quartos manhosos) numa rua sossegada onde nao ha transito, de maneira que nos pusemos nos a (tentar) conduzir os riquexos. Nao tinha nocao do pesado que era - ia-me desiquilibrando nao sei quantas vezes com o riquexo vazio, quanto mais com alguem la em cima... Comecamos a conversa com o miudo e o amigo dele que tinha a nossa idade e parecia acabado e eles fartaram-se de insistir em levar-nos ao Bazaar por 10 rupias porque recebiam 20 rupias so por nos levarem la... La acedemos e demos o nosso primeiro passeio de riquexo pelas ruas loucas e sujas de Agra. Acabou por ser uma noite engracada - conhecemos o Amin, provamos peixe indiano e os miudos receberam 2% das nossas compras.

domingo, 15 de novembro de 2009

Delhi - um acolhimento de sorrisos rasgados






Delhi.

21h52 hora local.

A Zezinha ja dorme.


Eu nao consigo.
Quero registar tudo o que foi este primeiro dia na India.
Desta vez tento que nao seja num diario, mas neste blog e vou-me questionado, vamo-nos questionando no decorrer do dia, por entre sonos entre-cortados, e jet-lags o e que estamos aqui a fazer...

Estava a espera de um choque com os cheiros, as pessoas, a miseria, a cultura e confesso que a India de Delhi me surpreendeu. Tivemos a sorte de visitar monumentos absolutamente fabulosos (Forte Vermelho, o Raj Ghat e o túmulo de Humayuns) que confirmaram que a opcao de ca ficar o dia de chegada foi a correcta. Ficamos espantadas pela quantidade de jardins bem cuidados e pela forma como de um momento para o outro nos abtraimos completamente do caos da cidade.



Mas acho que a chave de ouro foi a simpatia dos Indianos e das Indianas, olhavam para nos com o mesmo ar surpreendente com que eram olhados, pediam-nos para tirarmos fotografias juntos (e ai, com graca, algo que nunca teria acontecido ha 10 anos atras, tudo de telemovel em punho - sobretudo os jovens adolescentes que nos tiravam fotos como se fossemos actrizes de Bollywood). Portanto, a paixao foi imediata e reciproca, nos a tirarmos retratos fabulosos e eles e elas a quererem igualmente guardar o momento. De tudo o que nos tinham contado da India, deste fenomeno nao nos tinham avisado!!


A cidade nao para, a rua do nosso hotel e uma loucura de agitacao indescritivel: barbeiros improvisados fazem a barba com um perfeccionismo invejavel; vendedores ambulantes vendem babuchas, especiarias, frutos secos e fruta fresca; outros tem um tabua de engomar improvisada onde vao passando a ferro; criancas preparam rolinhos de paezinhos nan e toda a especie de comezainas; tudo isto acompanhando por uma banda sonora ensurdecedora. A qualquer pretexto, riquexos, motas, carros, furgonetas, carrinhas e autocarros buzinam fazendo uma chinfrineira e nao hesitam em atropelar quem se atravesse no caminho, o que nao e dificil dado nao haver passeios.















sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Rumo ao Oriente...

A conselho da Laurinda e a pedido de algumas famílias, aventuro-me com algum pudor neste estranho mundo dos blogues. O mote é a viagem à India e sim a pergunta que se faz neste momento é: o que é que estou aqui a fazer, quando a menos de 24 horas da partida, não temos nem hotéis nem combóios marcados?