terça-feira, 9 de agosto de 2011

Insólitos em Salta

Plano do dia:

1) visitar a zona das Quebradas de Cafayate durante a manhã
2) fazer o percurso de Cafayate/ Cachi/ Salta em 6 horas
3) chegar a Salta antes das 21h, descobrir a estação de autocarros, comprar bilhetes para São Pedro de Atacama, deixar o carro alugado no aeroporto e partirmos para o Chile à 1h, de preferência com companhia simpática ao nosso lado.

Um bocado ambicioso, sobretudo o ponto 3.
Não me vou alongar na descrição das belezas naturais - para isso, o melhor mesmo é virem cá. Asseguramos que vale a pena. Sobretudo a Garganta do Diablo, onde, correndo eu risco de vida no meio de escarpas e falésias, a Zézinha me perguntava quem eram os herdeiros do meu seguro de viagem. Adiante.

O ponto 3 é que me levou a pôr este post.
A viagem de 6 horas demorou mesmo 6 horas, por entre alguns percalços e prego a fundo do Pedro. Conseguimos, sabe-se lá como, chegar a Salta e encontrar a dita estação de autocarros. Milagre! Havia bilhetes. A algum custo e com alguns obstáculos, comprámos os ditos bilhetes. Respirámos de alivio, rimos e abraçámo-nos eufóricos com a aquisição dos bilhetes e toca de partir para o aeroporto, para deixarmos o carro.

Aí começou a 2ª parte da odisseia. Procurar o aeroporto nesta mega metrópole, e pelo caminho uma bomba de gasolina, com "bom aspecto" para que pudéssemos pagar com cartão de crédito. Ao fim de três incursões, percebemos que mais urgente do que termos como pagar a gasolina, era descobrir uma bomba que tivesse de facto gasolina. Ao que parece, as bombas não eram abastecidas há um mês!...

Abastecido o carro, e depois de dois enganos, lá descobrimos o aeroporto. "Aeroporto internacional! Ah! Deve estar cheio de movimento! Com sorte te jantamos lá num restaurantezinho simpático...", repetiam seguros os meus companheiros de viagem. Pois claro, o dito aeroporto estava absolutamente VAZIO. Balcão da Hertz vazio, sem sinal de vida.

Mentira. Estavam lá duas personagens, uma que não se calava e que nós não percebíamos uma palavra do que era dito e outra que só se ria. Percebemos mais tarde que eram os "guarda-costas"/ seguranças do aeroporto, mas que pouco ou nada podiam fazer para nos ajudar. A dada altura, olho para o lado e vejo a Zézinha com um ar muito sério, de quem impõe respeito com uma "naifa" presa nas calças. A história da "naifa", vulgo tentativa de faca do mato, mas que na verdade era uma faca sem serrilha, ficará para mais tarde, mas importa dizer que a sua compra foi um sonho de longa data cumprido pela Zézinha.

Nisto, após n tentativas de contactarmos os serviços da Hertz ("Bem-vindos à Hertz. Os nossos serviços estão abertos das 8h às...") e de ouvirmos os telefones tocar dentro do gabinete e ninguém lá dentro inclusive o tel que deveria estar 24h de serviço), lá conseguimos contactar uma pessoa que estaria de serviço em Jujuy que nos disse para abandonarmos o carro no aeroporto, sem problemas. "Vale, con quien estoy hablando? pergunto eu para ter um nome. "Pues, com el guichet de Jujuy" (a sério?!?!?).

Enfim, lá abandonámos o carro, com um post it e a esperança que não debitem o valor pela limpeza do carro no cartão de crédito e rumámos à estação de autocarros, com a esperança que o último ponto se realize nesta viagem que vai começar agora.


domingo, 7 de agosto de 2011

no meio da auto-estrada

O luxo na Argentina.

Depois de vermos que as camas suite são mesmo camas de verdade; que temos uma hospedeira de bordo que nos serve aperitivos, jantar quente e digestivos depois do jantar (champanhe!!); que temos direito a rede sem fios, filmes e mini bar a "bordo", a Zezinha quer ir fumar um cigarro. O problema é que o bus não para até chegarmos a Tucumán, daqui a 12 horas.
Não perguntar porquê, mas no wc do bus, só temos direito a chichis. (Ainda tentámos recrear a cena dum carro a levar com um "sólido" no pára-brisas enquanto vinha atrás de nós na auto-estrada).

É assim que, no meio de uma auto-estrada, que liga Buenos Aires a Tucumán, três pessoas correm pelo meio das portagens, tentando desviar-se dos carros que vêm disparados de todos os lados, tentando chegar a uma casa de banho.

Mais uma viagem. Novos insólitos.

A não perder cenas dos próximos capítulos.