sábado, 5 de dezembro de 2009

O NOSSO DIA A DIA...

NAMASKAR!!

Antes de mais, muito obrigada pelos comentarios e palavras de incentivo ao blog!! Para alem dos 22 seguidores oficiais, e bom saber que algures por ai, alguem vai acompanhando as nossas desventuras pelas Indias, por isso cometo a loucura de estar a escrever as 22h30, quando ja devia estar no meu segundo sono. Mas nao resisto.

Ja tenho um outro post a meio a contar-vos um dia especialmente marcante, mas nao faz sentido nao contar primeiro o nosso dia a dia. A missa na Mother House (opcao para os voluntarios) e as 6h da manha. Como estamos a "viver" na Sudder Street, rua onde se instalam a maioria dos voluntarios, com restaurantes, nets, perto do mercado, etc, isso significa que temos de acordar no maximo as 5h20, para sair de casa as 5h35 e ir a passo rapido para la chegar la em cima da hora. Embora seja puxado, para alem dos dias de folga, fizemos o esforco de nao faltar porque e realmente o que da forcas e sentido ao que estamos aqui a fazer. A caminhada e tranquila de manha; ha poucas pessoas aquela hora da manha, muitos mendigos dormem nas ruas, os taxis vao parando a perguntar se queremos ir para a Mother House (seremos os unicos turistas que estamos acordados as 5h30 da manha a andar pelas ruas de Calcuta) e claro, ate mesmo os taxis tem as luzes dos farois multicolores (parecem um arco-iris!!) - isto e real!! Em vez de iluminarem a estrada, parece que estao a decorar a mesma. E ainda dizem que este e um povo triste...

Depois da missa, rezamos com as Irmas varias oracoes. E sim, impossivel nao nos perguntarmos o que e que tamos aqui a fazer, mas depois de rezarmos, tudo parece serenar... Aqui fica a que mais me tem marcado.

Radiating Christ
Dear Jesus, help us to spread your fragrance everywhere we go. Flood our souls with your spirit and life. Penetrate and possess our whole being so utterly , that our lives may only be a radiance of yours. Shine trough us, and be so in us, that every soul we come in contact with may feel your presence in our soul. Let them look up and see no longer us but only Jesus! Stay with us, and then we shall begin to shine as you shine; so to shine as to be a light to others; the light O Jesus, will be all from you, none of it will be ours; it will be you, shining on others through us. Let us thus praise you in the way you love best by shining on those around us. Let us preach you without preaching, not by words by our example. By the catching force, the sympathetic influence of what we do, the evident fullness of the love our heart bears to you. Amen.

Pelas 7h, as Irmas oferecem um pequeno almoco aos voluntarios de Tchai, pao e bananas. E sobretudo um bom momento de convivio, embora estejamos todos ensonados. As 7h30, somos todos enviados para as diferentes casas. A Tete ficou a trabalhar de manha em Dayan Dan com criancas deficientes, e a Zezinha e eu ficamos em Shanti Dan, uma casa que acolhe mulheres com problemas mentais, mas tambem algumas criancas retiradas as familias. A Zezinha e eu estamos a trabalhar, juntamente com a Helene, voluntaria francesa, com as cerca de 15 criancas, e tem sido um trabalho muito desafiante. Primeiro porque a maioria das criancas nao fala ingles, depois porque tem idades muito dispares, entre os 3 e os 11 anos, logo acaba por ser um desafio quotidiano pensar em actividades paar os miudos e ir trabalhando com eles atraves do tom de voz e da linguagem gestual. Ao fim destes dias em Calcuta, este trabalho que me desanimava ao principio, comeca agora a dar frutos. As criancas comecaram a ganhar-nos respeito, e comecamos a ver uns pequenissimos frutos que nos enchem por dentro. E claro, nao lhes podemos mostrar, mas babamo-nos todas quando nos chamam a toda a hora "Auntie, Auntie!" ou quando os mais pequenos depois do intervalo da manha comecam a chuchar no dedo e nos adormecem ao colo. Acho que temos vontade de levar varios connosco...

Pelas 11h30 vimos para casa, almocamos num dos restaurantes da Sudder St. (o famoso Blue Sky) que e a nossa casa de jantar ou noutro qualquer; tentamos dormir entre 10 a 20 minutos (se antes nao passamos no mercado!!) e ala para as casas da tarde! A Zezinha vai para Shishu Bavan onde trabalha com criancas deficientes, e eu vou para Kalighat, uma casa para doentes moribundos. Embora esteja a acompanhar doentes terminais (e nao so), e incrivel o que estas doentes se parecem por vezes a criancas, de tal forma se tornam dependentes de nos para tudo. Tem sido um privilegio poder acompanhar mais de perto algumas destas vidas e diariamente poder dar-lhes o jantar, fazer-lhes massagens ou por-lhes perfume solido (Mae - grande utilidade estou a dar-lhe aqui!!). Por outro lado, e impressionante a fragilidade da vida humana, da Manjuri que ha 4 dias comia devagarinho, que ontem ja nao quis beber o leite e se encostou no meu braco e adormeceu encostada a mim como um bebe e hoje ja estava ligada a soro. Claro que nos questionamos ate quando ira ela lutar, qual o sentido da vida para esta mulher, qual a causa de tanto sofrimento?

A tarde voa, com ela pode vir a Adoracao na Mother House, um encontro com voluntarios ou uma outra qualquer actividade; tomar banho com balde (amanha mostro a nossa casa!!), decidir onde jantamos e de repente hora de dormir...

E com isto, os nossos dias em Calcuta voam e rapidamente tem 16 horas...

NAMASKAR!

3 comentários:

  1. Rita!
    A Tatiana mandou-me ontem o link para vir ver o blog, gostei tanto que hoje vim logo ver se tinhas escrito qualquer coisa!
    Grande Beijinho e boa sorte para o resto desta viagem.
    Sophie

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  2. Olá Rita e Zezinha!
    Divido-me entre o desejo de estar convosco presencialmente, para sentir a vibração da vossa voz, o brilho no vosso olhar quando falarem da vossa eperiência..., e o desejo de continuar a saber de vocês pelo blog, pois é sinal que ainda aí estão e, por isso, a viver esses momentos e a partilhá-los connosco. Obrigada pela iniciativa do blogue, obrigada por comungarem essa experiência connosco. Beijinho da Susana CVX.

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  3. Olá Rita,
    Obrigada por escreveres estes maravilhosos relatos, ao fim de um dia tão preenchido! todas essas palavras fazem-nos sentir mesmo "pequeninos" neste nosso mundo do ocidente. Força para continuarem essa viagem tão cheia de significado.
    Vou acompanhando por aqui
    Um grande beijinho para as três.
    Gui (irmã da Téte)

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