sexta-feira, 27 de novembro de 2009

KOLKATA - A CIDADE DA ALEGRIA

Manjuri - O que mais me impressionou na historia de Manjuri nao foi a vida dura que teve, nem os abusos que sofreu, nem a forma heroica como se salvou da morte e como conseguiu recuperar. Impressionou-me a forma como parece nao ter perdido a inocencia dos seus 13 anos e consegue sorrir com o rosto inteiro, com a alma, acreditando na vida. Dou gracas a Deus por ela ter sido encontrada e ter sido trazida para este hospital subsidiado por uma ONG, mas tambem por te-la conhecido.

KOLKATA - A CIDADE DA ALEGRIA
E dificil descrever em poucas linhas o que e ter lido um livro com 15 anos e desde entao ter nascido uma vontade de estar junto dos mais pobres e de um dia, quem sabe, conhecer a India de que o Dominique Lapierre falava na "Cidade da Alegria". Depois de uma semana de ferias no Rajastao (obrigada Tiago, Maria, Mae, claro, por todas as dicas!!), aterramos finalmente em Calcuta (uma vez mais mil obrigadas Mafalda e Pipa pela ajuda a mergulhar neste imenso mundo...).

Aqui ficam as primeiras impressoes dos 3 primeiros dias, rabiscadas num diario de bolso, onde tento escrever tudo, para a semelhanca do Brasil, nao esquecer e ir agradecendo a oportunidade que e aqui estar.
A cidade. Estranhamente, a cidade pareceu-me acolhedora. Digo estranhamente porque tinham sido tantos os avisos da poluicao, dos cheiros nauseabundos, dos buzinares constantes, do caos que, em comparacao com Delhi e com o Jaipur, Calcuta me parece a partida uma cidade normal da India. Claro que tem transito, conseguimos facilmente encontrar uma rotina, por entre as ruas e os trajectos diarios. Como dizia a Zezinha, quero sentir-me em casa e dizer "Ola vizinhos!"
No trajecto diario para a Mother House, passamos no meio de um bairro muculmano com ruas estreitas e pouco transito onde dava para ficarmos horas distraidos a ver o movimento que la se passa. Homens tomam banho semi vestidos nos canos de agua que dao para a rua, mesmos canos onde se abastecem de agua; centenas de pequenos comerciantes abrem as suas portas para a rua e vendem desde tecidos (chega a haver alfaiates), a todo o genero de comida (eu gulosa ja fui proibida de provar o que quer que seja); sementes para o gado; vacas e cabras passeiam-se nas ruas; pela hora do almoco milhares de criancas brincam; bebericam tchai (cha com leite e acucar) em tigelinhas de barro que depois atiram para o chao (acho que e por nao terem sido bem cozidas no forno e por isso nao podem ser lavadas). Enfim, e um movimento incrivel, uma verdadeira distracao visual e olfactiva. E todos os dias diferente...
De resto, pouco vimos da cidade, porque apesar de termos tido um dia de folga fomos com a Joan (grande amiga da Pipa) visitar um hospital e a tarde ela quis-nos mostrar o Centro Comercial que construiram em Calcuta ha um ano. Por uma tarde, sentimo-nos de novo na Europa...
Da para perceber que a cidade e gigantesca, que para qualquer trajecto em transportes demoramos pelo menos 1 hora e que em tempos Calcuta foi capital do Imperio Britanico, pelos seus edificios imponentes, as suas largas avenidas, ladeadas por enormes arvores...
Os trabalhos. A rotina diaria comeca com missa as 6h, onde nos temos de habituar ao barulho da Bose Road (rua de casa das Irmas). As Irmas dum lado, os leigos do outro. Muito comovente, sobretudo por saber que a Madre Teresa viveu ali, teve aquela rotina, esta ali enterrada e que toda esta obra e fruto da sua preserveranca, do seu amor. Assim que acabamos a missa, as Irmas vao lavar a roupa e os voluntarios vao tomar o pequeno almoco. Confesso que estava cheia de vontade comecar os trabalhos e que apesar do dia de inscricoes ser so no dia seguinte, estava em ansias de ser enviada para uma qualquer casa. 1a licao de humildade: a Sister Mercy Maria, responsavel pelos voluntarios pediu-nos para ficarmos na Mother House a ajudarmos a preparar enfeites de Natal.
Os dias em Calcuta sao vividos com uma intensidade inimaginavel. Cada encontro, cada troca de palavras, cada despedida ou cada caminhada nas ruas da para comecar a escrever e nunca mais acabar... Do grupo de estudantes norte-americanos de 18 anos que vieram aqui passar 10 dias e pela primeira vez passam o Thanksgiving fora de casa, a mexicana de 17 que veio para aqui durante um ano, aos milhares de coreanos que estao aqui mal falando ingles, da emocao e comocao enormes que sinto quando vejo os `homens-cavalo` ou a mulher que se queimou com acido (ou tera sido o marido a queima-la a ela) com quem estive numa das casas das Irmas.
Muito para digerir, tudo a volta do mesmo: agradecer a oportunidade de aqui estar.
Zezinha, eu e Tete, que se juntou a nos no 2. dia

3 comentários:

  1. Olá olá Rita! Apenas há uns dias soube que tinhas um blog e hoje lembrei-me de o vir ver. Já o li todo! Adorei saber de ti e daquilo "que 'tas aí a fazer". Deve ser uma experiência renovadora todos os dias. Cá fico à espera de mais novidades da Índia.
    Grande beijinho com saudades
    Rita Rosa

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  2. Ola Rita!

    Tenho seguido com entusiasmo as tuas histórias e da Zezinha, e visto as vossass fotografias do blogue. Continuas com um jeito especial para fotografar pessoas.

    Espero que tudo corra muito bem a partir de agora em Calcutá. E que esta seja também para voçês a cidade da alegria.

    Break a leg, beijinhos!
    Paulo

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  3. Rita e Zeza,
    Vim aqui parar porque vi o link na "wall" da Zeza quando lhe fui dar os parabéns no facebook. Já li tudo e adorei! Muito obrigado por partilharem a v. experiência.
    Um beijinho de Macau,
    D

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